SAÚDE SEM TABUS: Já levou seus testículos ao médico?

Homens precisam estar atentos à presença de nódulos e diferença no volume; rotina médica é determinante para detecção precoce de câncer, cura e preservação da fertilidade

O câncer de testículo é o tipo mais comum em adultos jovens, afetando principalmente homens de 15 a 35 anos. A doença nas glândulas genitais masculinas tem altas taxas de cura – 95% em estágios iniciais –, mas pode trazer impactos significativos à vida do homem. Autoexame e adoção de uma rotina médica são cuidados fundamentais, alertam especialistas.

“É um câncer que acomete o homem no auge de sua vida sexual, reprodutiva e de sua capacidade de trabalho, causando um grande impacto em sua qualidade de vida”, destaca Fernando Leão, médico urologista da equipe multiprofissional da Oncomed-MT.

Entre os fatores de risco do câncer de testículo está a criptorquidia (quando os testículos não descem para o saco escrotal). Outros pontos de atenção importantes são o histórico familiar ou pessoal da doença. Já o tabagismo e uso de maconha podem aumentar as chances de desenvolver a doença, que ocorre, com mais incidência, em homens da etnia branca.

Diagnóstico precoce, sem teimosia – O diagnóstico precoce é fundamental e pode ser realizado por meio do autoexame dos testículos, onde se procura por áreas endurecidas, nódulos ou aumento rápido de volume testicular. Urologistas orientam que é importante comparar os dois lados – sim, observar se há diferenças entre um e outro testículo. “Assim como o autoexame da mama é estimulado, o autoexame dos testículos também deveria ser”, enfatiza Fernando Leão.

José Didier da Costa, de 38 anos, mais conhecido como o “Xomano que mora logo ali”, fenômeno nas redes sociais, recebeu o diagnóstico da doença durante a pandemia, após perceber o inchaço rápido do testículo. Procurou, então, assistência médica e iniciou o tratamento em menos de 30 dias.

Ele enfrentou sessões de quimioterapia intensivas e uma cirurgia para remoção de um tumor localizado no peritônio (membrana fina que reveste a região pélvica e do abdômen). “Por mais que seja um dos cânceres mais curáveis, a quimioterapia é pesada. Foi bem difícil”.

As dificuldades do tratamento foram incorporadas aos stand up e atividades de humorista e influencer, ajudando a compartilhar informação de relevância à saúde. Didier enfatiza a importância de buscar ajuda médica e realizar acompanhamento regular, destacando a teimosia masculina em procurar cuidados de saúde como um comportamento comum que precisa ser mudado. “A mulher vai no ginecologista sempre. O homem já é mais difícil, mais teimoso. É importante procurar um urologista com frequência, mesmo sem nenhuma alteração aparente”.

Caminho da cura e fertilidade – O tratamento do paciente com câncer de testículo inclui a cirurgia de remoção testicular seguida, em alguns casos, de quimioterapia. Embora o impacto na função sexual e reprodutiva seja mínimo na maioria dos casos, a complementação com quimioterapia pode afetar a fertilidade e, por isso, é recomendada a coleta e congelação de esperma.

O acompanhamento pós-tratamento envolve consultas regulares e exames de imagem para detectar possíveis recorrências. O médico Fernando Leão reforça a importância de uma cultura de saúde masculina, incentivando acompanhamento médico desde a infância, à semelhança do que é feito com as mulheres em relação ao ginecologista.

 

 

 

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