Oncologistas da Oncomed – MT, Carla Nakata e Danielly Gobbi destacam a importância da detecção precoce e as modalidades de tratamento no combate à doença
Para a maioria das pessoas, a palavra cirurgia ainda gera receio e inquietação, mas quando se trata do câncer ginecológico, que pode afetar um ou mais órgãos do sistema reprodutor feminino, é a base do tratamento. Na maior parte dos casos, segue sendo a primeira opção no combate ao câncer de colo de útero e ovários. Os avanços significativos no campo cirúrgico têm garantido cada vez mais segurança nos procedimentos e redução dos efeitos colaterais do pós-operatório, oferecendo maior qualidade de vida às pacientes.
Atualmente, existem três frentes terapêuticas adotadas no tratamento do câncer ginecológico: cirurgia, quimioterapia e a radioterapia. A cirurgiã oncológica da Oncomed – MT, Danielly Gobbi, destaca que a cirurgia é frequentemente o primeiro passo no combate a essas doenças, permitindo a remoção de tumores e a avaliação da extensão das lesões. “Com avanços significativos nas técnicas cirúrgicas, as pacientes podem se beneficiar de abordagens menos invasivas, como a conização do colo de útero, a laparoscopia e a cirurgia robótica, que oferecem vantagens notáveis em termos de recuperação e qualidade de vida”, explica a médica.
A conização, adotada nos casos em que o tumor se localiza no colo uterino, é um procedimento cirúrgico minimamente invasivo, onde a parte lesionada do órgão é retirada, em forma de cone, para ser avaliada em laboratório. Esse procedimento serve para fazer a biópsia do tecido, a fim de detectar o câncer e pode atuar como tratamento, caso remova todo o tecido afetado. Feito sob anestesia local ou sedação, não causa dores ou a necessidade de internação no pós-operatório.
Outra modalidade é a laparoscopia ginecológica, que por meio de pequenas incisões na região do umbigo e da virilha, o cirurgião utiliza um laparoscópio, instrumento dotado de uma câmera e foco de luz, para visualizar e tratar doenças como cistos ovarianos e tumores ginecológicos. “Além de sua eficácia comprovada, a laparoscopia é reconhecida pela segurança, cicatrização rápida e menor risco de infecções”, reforça Danielly.
Em todos os casos, o diagnóstico precoce é importante para que o oncologista possa escolher a melhor abordagem no tratamento da doença, minimizando os efeitos colaterais. Quando a cirurgia não é indicada pelo cirurgião oncológico, levando em consideração o estágio da doença e sua localização, a quimioterapia e radioterapia são as opções terapêuticas adotadas. “A abordagem médica bimodal ou trimodal, ou seja, aliar a cirurgia com quimioterápicos e, ou a radioterapia, pode ser uma opção para otimizar os resultados no combate ao câncer ginecológico”, pontua a oncologista clínica da Oncomed – MT, Carla Nakata.
AUTOESTIMA – Entre os efeitos colaterais da quimioterapia estão a queda de cabelo, náuseas e astenia, condição em que a paciente apresenta fraqueza muscular. Já na radioterapia, baseada na aplicação de doses controladas de radiação na região genital, o procedimento pode causar atrofia na mucosa vaginal, conhecida como vaginite actínica, causando dificuldades na vida sexual, como dores e sensibilidade durante o coito.
As reações adversas podem gerar angústia e insegurança, por isso a manutenção da autoestima feminina não deve ser negligenciada. Nesse momento, a escolha de uma rede de apoio é fundamental, para que a paciente se sinta confortável. “Cuidar da saúde não é apenas olhar o quadro clínico do paciente, é pensar também em todos os detalhes que garantem maior qualidade de vida durante o tratamento, e estar bem com a própria aparência faz parte desse compromisso, por isso o acompanhamento de uma psicóloga é essencial para a autoaceitação nesse momento”, observa Carla.
FERTILIDADE – De acordo com o INCA, foram estimados para este ano 17.010 novos casos de câncer ginecológico, sendo o mais incidente os tumores de colo do útero, que afetam mulheres jovens, entre 35 e 44 anos. Sendo assim, a preocupação com a fertilidade é acolhida nos consultórios e as possibilidades de fecundação estudadas junto às pacientes.
Quando se faz necessária a retirada dos ovários, adoção da quimioterapia ou histerectomia total, a indicação é realizar o congelamento dos óvulos e dependendo do caso, fazer uso da “barriga solidária”. Neste procedimento, o embrião é composto por genes da mãe e do pai e são inseridos no útero de outra mulher, que de acordo com a Resolução do Conselho Federal de Medicina no. 2.168 de 2017, deve pertencer a família de um dos parceiros em parentesco consanguíneo até o quarto grau (irmã, tia, sobrinha ou prima).
PREVENIR É CUIDAR – Importante método de prevenção ao câncer de colo de útero e vagina, a vacina contra o Papiloma Vírus (HPV) está disponível nas unidades públicas de saúde para meninos e meninas de 9 a 14 anos. Para mulheres até os 45 anos, é possível tomar a dose quadrivalente em clínicas particulares e em casos selecionados, pelo SUS. Vacine-se!