Tabagismo moderno e o aumento do risco de câncer com cigarros eletrônicos

Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostram que 443 pessoas morrem diariamente devido ao uso do tabaco 

 

No dia 29 de agosto, o Brasil celebra o Dia Nacional de Combate ao Fumo, uma data destinada à conscientização sobre os perigos do tabagismo e à promoção de políticas de saúde pública que visem a redução do uso do tabaco em todas as suas formas. Este ano, a discussão ganha um novo foco: o aumento alarmante do uso de cigarros eletrônicos, especialmente entre os jovens, e o potencial risco que esses dispositivos representam para o desenvolvimento de câncer. 

Os cigarros eletrônicos, muitas vezes vistos como uma alternativa “mais segura” ao cigarro tradicional, estão longe de serem inofensivos. De acordo com o oncologista clínico da Oncomed-MT, Eduardo Dicke, o ponto de atenção está nos componentes presentes nesses dispositivos, incluindo a nicotina e outras substâncias tóxicas. “Além de causarem dependência, essas substâncias podem aumentar o risco de desenvolvimento de tumores, assim como acontece com o cigarro convencional”, alerta o especialista. 

Um estudo recente do Instituto Nacional de Câncer (INCA) constatou que o uso de cigarros eletrônicos aumenta em mais de três vezes o risco de iniciação ao tabagismo. Essa tendência é particularmente preocupante entre os jovens, que têm adotado o cigarro eletrônico como uma porta de entrada para o consumo do cigarro convencional, elevando o risco de doenças graves, incluindo câncer de pulmão, cabeça e pescoço e bexiga. 

Embora ainda não existam dados numéricos suficientes para associar diretamente o uso de cigarros eletrônicos ao câncer, a evidência científica sugere que as substâncias nocivas presentes nesses dispositivos têm o potencial de causar mutações celulares que podem levar ao desenvolvimento de tumores. “Com os estudos que já estão em desenvolvimento, existe a possibilidade de, nas próximas décadas, termos dados que comprovem o aumento do risco de câncer associado ao cigarro eletrônico”, observa Dicke. 

Inimigo conhecido – A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o tabagismo como uma das principais causas evitáveis de morte no mundo, associada a diversas doenças cardiorrespiratórias e a pelo menos 18 tipos de câncer, incluindo pulmão, boca e esôfago. No Brasil, o impacto do tabagismo é devastador: 443 pessoas morrem diariamente devido ao uso do tabaco, segundo dados do INCA. 

Diante desse cenário, a conscientização e a educação sobre os riscos do fumo, incluindo os cigarros eletrônicos, são fundamentais para a redução da incidência de câncer. “Quanto mais informação tivermos, mais campanhas e programas de atendimento domiciliar forem realizados, maior será a chance de reduzir o consumo e, consequentemente, as doenças associadas ao tabagismo”, conclui o oncologista. 

Neste Dia Nacional de Combate ao Fumo, é essencial reforçar que não existe forma segura de fumar. Seja pelo cigarro tradicional ou eletrônico, o tabagismo continua sendo uma ameaça significativa à saúde pública, exigindo uma ação coordenada de todos os setores da sociedade para proteger as gerações presentes e futuras dos seus efeitos. 

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