No mês mundialmente dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, oncologista destaca importância de ampliar acesso à detecção precoce
Um exame simples, de imagem, que dura entre 15 e 25 minutos e consegue detectar tumores ainda bem pequenos, não palpáveis. A mamografia, disponível no Brasil desde 1971, permanece no posto de grande aliada na detecção precoce do câncer de mama. No entanto, o país ainda realiza índices muitos baixos do procedimento, registrando cerca de 20% de cobertura – ante os 70% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No mês voltado mundialmente à conscientização sobre o câncer de mama, o acesso à informação e aos serviços de saúde figuram como grandes desafios nacionais no combate à doença.
“Quando o câncer de mama é detectado em fases iniciais, a mulher tem até 95% de chances de cura. É uma estatística que fazemos questão de enfatizar, ano após ano, porque ela significa vida”, pontua a oncologista clínica Cristina Guimarães Inocêncio, uma das fundadoras da Oncomed-MT e integrante da Câmara Setorial Temática da Oncologia da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT). Com atuação nos sistemas público e privado de saúde, a médica levanta a discussão sobre o modelo de atendimento adotado no país.
“No que se refere ao câncer de mama, podemos dizer que temos uma conquista: o aumento da consciência da população sobre o valor do diagnóstico precoce, fruto das campanhas de informação. No entanto, só a consciência não basta. As mulheres precisam ter o acesso facilitado à mamografia, sobretudo no Sistema Único de Saúde (SUS), o que ainda não acontece”, observa, relatando conhecer casos atuais em que pacientes ficam até dois ou três anos à espera de um exame, havendo mulheres acima dos 50 que nunca fizeram uma mamografia. “Quando conseguem fazer a mamografia, vem outra barreira: a dificuldade de agendar uma nova consulta médica para levar o resultado e saber dos próximos passos. Falta efetividade no combate ao câncer de mama.”
A mamografia deve ser realizada anualmente por mulheres a partir dos 40 anos. Ela faz parte dos exames integrantes da consulta ginecológica, dentre os quais está o Papanicolau, importante para o diagnóstico do câncer de colo de útero. No caso do rastreio do câncer de mama, quando necessário, podem ser solicitados exames complementares, como ultrassonografia e biópsia.
Tratamento – As modalidades de tratamento do câncer de mama são divididas em local (cirurgia para retirada do tumor, radioterapia e reconstrução mamária) e sistêmica (quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica). Na Oncomed-MT, que adota a abordagem multidisciplinar, os casos são avaliados em conjunto por profissionais de diversas especialidades, para que seja apresentada à paciente uma linha adequada de atuação, considerando o estágio da doença e demais condições pessoais.
Outubro Rosa – Instituída em 1990 nos Estados Unidos, a campanha ganhou proporção mundial e é uma das principais datas do calendário de saúde. No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), deverão ser registrados este ano cerca de 74 mil novos casos de câncer de mama.